Com a anunciada renúncia do Papa Bento XVI, realizada na segunda feira, dia 11 de fevereiro corrente, a Sé estará vacante no próximo dia
28, às 20h de Roma.
No mínimo 15 dias e no máximo 20
dias depois, os cardeais iniciam o rito da substituição do Papa. Seguem em
cortejo da Capela Paulina até a Sistina, no Vaticano, onde as portas são
fechadas, as chaves retiradas e o isolamento é assegurado pelo Cardeal Carmelengo, no interior, e pelo prefeito da Casa Pontifícia, no exterior.
Eles se hospedam no edifício denominado "Domus Sanctae Marthae"
(Residência Santa Marta) e, embora sejam levados até ali de ônibus, são
proibidos de usar o telefone, assistir à TV ou trocar qualquer tipo de
correspondência com o exterior nos dias prévios à escolha. Internet, nem
pensar. O isolamento vem desde 1271 quando os cardeais, sem conseguir chegar a
um acordo para escolher o sucessor de Clemente IV, foram presos pelos cristãos
e mantidos a pão e água para que escolhessem o novo papa rapidamente. O eleito,
Gregório X, adotou a regra, com conforto, é claro, já que não se trata de
flagelo e a maioria é de idosos.
No conclave, os cardeais não têm o direito de votar em si mesmos e prestam, um
por um, juramento de respeito ao voto secreto, de aceitar o resultado e de, se
eleito, não renunciar jamais a reivindicar a plenitude dos direitos de
pontífice romano. Para ser ungido é preciso receber pelo menos dois terços dos
votos. Em caso de impasse, uma votação pela maioria absoluta é possível. São
duas votações de manhã e duas à noite. Ao final de cada uma, as cédulas são
queimadas, sendo que a tradição indica que os cardeais devem usar palha seca ou
úmida para que a fumaça seja preta (se não foi escolhido o papa) ou branca (se
a votação deu como resultado a eleição do novo pontífice). Assim que o eleito
"aceitar sua escolha canônica" como sumo pontífice, o primeiro dos
diáconos - o cardeal Protodiácono - anuncia da sacada da Basílica vaticana a
eleição do novo papa com a tradicional citação: "Nuntio vobis gaudium
magnum: Habemus Papam".
Confira a lista dos "papáveis" com mais chances de
assumir o posto mais alto da Igreja Católica, em ordem alfabética de sobrenome.
João Braz de Aviz, (Brasil, 65) trouxe ar fresco
para o departamento do Vaticano para congregações religiosas quando ele assumiu
em 2011. Ele apoia a preferência para os pobres na teologia da libertação da
América Latina, mas não os excessos de seus defensores.
Timothy Dolan, (EUA, 62) tornou-se a voz do catolicismo
dos EUA depois de ser nomeado arcebispo de Nova York, em 2009. Seu humor e
dinamismo impressionaram o Vaticano, onde as duas coisas estão em falta. Mas
cardeais estão receosos de um "superpapa" e seu estilo pode ser
norte-americano demais para alguns.
Marc Ouellet, (Canadá, 68) é o chefe da Congregação
para os Bispos. Ele disse uma vez que se tornar papa "seria um
pesadelo". Apesar de bem relacionado, o secularismo generalizado de sua
Québec nativa poderia atrapalhá-lo.
Gianfranco Ravasi, (Itália, 70) é ministro da
Cultura do Vaticano desde 2007 e representa a Igreja para o mundo da arte,
ciência, cultura e até mesmo para ateus. Este perfil poderia prejudicá-lo se os
cardeais decidirem que precisam de um pastor experiente em vez de outro
professor como papa.
Leonardo Sandri, (Argentina, 69) nasceu em
Buenos Aires de pais italianos. Ele deteve o terceiro posto mais alto do
Vaticano como chefe de gabinete em 2000-2007, mas não tem experiência pastoral.
Odilo Pedro Scherer, (Brasil, 63) é considerado o
mais forte candidato da América Latina. Arcebispo de São Paulo, a maior diocese
do maior país católico, ele é conservador no Brasil, mas considerado moderado
nos demais lugares. O rápido crescimento das igrejas protestantes no Brasil
poderia pesar contra ele.
Christoph Schoenborn, (Áustria, 67) é um ex-aluno
de Bento com um toque pastoral que o pontífice não tem. O arcebispo de Viena
foi classificado como "papável" desde a edição do catecismo da Igreja
na década de 1990.
Angelo Scola, (Itália, 71) é arcebispo de Milão, um
trampolim para o papado, e muitos italianos apostam nele. Especialista em
bioética, ele também conhece o Islã como chefe de uma fundação para promover a
compreensão entre muçulmanos e cristãos. Sua densa oratória pode irritar
cardeais que buscam um comunicador caristmático.
Luis Tagle (Filipinas,
55) tem um carisma muitas vezes comparado com o do falecido papa João Paulo 2º.
Ele também é próximo ao papa Bento depois de trabalhar com ele na Comissão
Teológica Internacional. Embora tenha muitos fãs, ele só se tornou cardeal em
2012.
Peter Turkson (Gana, 64) é o principal candidato africano.
Chefe do escritório de justiça e paz do Vaticano é o porta-voz da consciência
social da Igreja e apoia a reforma financeira mundial.
Fontes: Blog da Franssinete Florenzano e Folha de São Paulo.