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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Homenagem ao Dia do Maçom








20 AGOSTO

Ao longo dos anos frequentemente tenho ouvido irmãos, manifestando descontentamento, dizer que nossa Ordem tem estado à margem não só dos grandes acontecimentos nacionais, como também dos assuntos que dizem respeito à Nação Brasileira como um todo. Isto pode ser verídico. Nossas leis internas não nos permitem discutir, no âmbito da Ordem, assuntos políticos partidários porém, faz-se necessário que saibamos distinguir o que é um assunto político-partidário e o que não o é. É imprescindível avaliar as distinções por ventura existentes, e como tal, tratando-se de questões suprapartidárias, não só podem como devem ser discutidas no âmbito de nossas Lojas ou Grande Oriente, conforme necessário. Afinal, defender o direito de nosso povo, além de ser o nosso próprio direito, é um vínculo do qual não podemos nos afastar. E a história da Maçonaria Brasileira prova o que digo.

Não tenho dúvida que nossa Ordem está atenta, mas, o que ela pode fazer. Afinal Maçonaria é uma entidade abstrata. Para que ela exista e produza algo em benefício da nação e de seu povo, há a necessidade precípua de que seus membros não a tenham como mais uma simples sociedade. Ela é muito mais que isto. Seus preceitos hão que ser entendidos e praticados por todos os seguidores de sua doutrina, como bem fizeram nossos predecessores.

A Sagrada Instituição faz-se presente em nosso país há alguns séculos. Sua atuação, além do evento da Conjuração Mineira, quando nossos irmãos se insurgiram contra a cobrança escorchante de tributos impostos pela Coroa Portuguesa, culminando com a condenação de Joaquim José da Silva Xavier, nosso Irmão Tiradentes. No entanto, passou a ser mais atuante no primeiro quartel do século dezenove.

A chegada da Família Real em 1808 ao Brasil foi como a realização de um sonho, que amealhado por tantos quanto esperança tinham de ver o desenvolvimento da terra pátria deu-lhes um alento. As boas coisas, no entanto, costumam ter vida efêmera. Cessaram as causas que determinaram a vinda da Corte para nosso País. Os súditos de além-mar reclamam o retorno da Corte à capital Lusa, o que ocorre. D. João deixa seu filho Pedro, como Príncipe Regente. As Cortes portuguesas não ficaram satisfeitas e pelos Decretos nºs. 124 e 125 determinaram que o Príncipe também deveria retornar a Lisboa. Pedro claudicava. Indeciso não sabia ao certo a quem atender se aos anseios nacionalistas dos brasileiros, ou a determinação das Cortes e de seu pai. Era chegado o momento de agir. Não mais havia tempo para aguardar que novos acontecimentos arrefecessem os ânimos da Corte. Liderados por Joaquim Gonçalves Ledo e pelo Cônego Januário da Cunha Barbosa, seguidos por insignes figuras exponenciais da pátria como Domingos Alves Branco, José Joaquim da Rocha, José Clemente Pereira entre outros, a Maçonaria deliberou e agindo rapidamente buscou convencer, D. Pedro, a assumir de vez suas responsabilidades para com a pátria que o acolhera, e a 9 de janeiro de 1822, data que marcou o início de nossa emancipação política, conseguiu o compromisso de D. Pedro de não aceitar as determinações da Corte, optando em permanecer no Brasil.

Os esforços despendidos pela Ordem Maçônica através de seus proeminentes adeptos alcançaram seus objetivos. A luta, porém, não estava finda. Não seria de esperar que as Cortes portuguesas aceitassem passivamente aquele ato de insubordinação, o que de fato ocorreu. Os sentimentos libertários de emancipação fervilhavam não só no Rio de Janeiro, então sede do futuro Império, como também nos principais centros administrativos brasileiros.

Há uma data de emblemática importância no período que antecedeu à proclamação de nossa Independência. Trata-se de um documento cuja responsabilidade de sua redação coube a Joaquim Gonçalves Ledo e ao Cônego Januário da Cunha Barbosa, mas que viria a ser assinado por D. Pedro, dirigido ao povo brasileiro contendo o seguinte texto:

O Manifesto de 1º de Agosto”.

Está acabado o tempo de enganar os homens”.

Está dado o grande passo para nossa independência. Já sois um povo soberano”.

Não se ouça entre vós, outro grito que não seja – união! Do Amazonas ao Prata não retumbe outro eco que não seja – Independência! Formem todas as nossas províncias o feixe misterioso que nenhuma força pode quebrar. Desapareçam de uma vez antigas preocupações, substituindo o amor ao bem geral ao de qualquer província ou cidade”.[1]

A nossa História registra que a 20 de agosto de 1822, data que ora comemoramos, em reunião da Loja Commercio e Artes, e em sessão presidida por Joaquim Gonçalves Ledo que possuía a função de Primeiro Grande Vigilante, equivalente ao cargo de Grão-Mestre Geral Adjunto do Grande Oriente do Brasil, foi decidida a Proclamação da Independência do Brasil. Dezoito dias após aquela sessão, às margens do riacho Ipiranga era proclamada a Independência do Brasil pelo homem que, embora filho de Portugal, soube valorizar o torrão que lhe acolheu, e à sua família, num momento de dificuldades.

Muitos outros foram os relevantes feitos prestados por nossa Ordem ao longo da História pátria. Muitos haverão de ser os feitos que, se tivermos discernimento para bem absorver os sagrados ensinamentos que tanto nossa Ordem quanto a vida nos transmitem; se nos despirmos do orgulho que sobrepuja a razão, e das vaidades que toldam as realizações que nada mais representam se não o simples cumprimento do dever, certamente os realizaremos.

[1] - A Maçonaria e a Grandeza do Brasil – A. T. Albuquerque

  
                                                        
José Maria de Souza Martins, M. I.  - A.R.L.S. "DUQUE DE CAXIAS" IX Nº 2198, GOEPA/GOB, Oriente de Belém/PA.


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