Digite abaixo o seu email para receber mensagens com as nossas postagens:

sábado, 4 de setembro de 2010

Independência do Brasil: Um Brado que Permanece



Soberania e independência, dois primados na democracia brasileira, cristalizados como objetivos nacionais permanentes a serem preservados e defendidos.

Esses princípios já se atualizavam na alma nacionalista a partir de movimentos insurrecionais que pontuavam num Brasil-colônia inescrupulosa e revoltantemente explorado, tanto do ponto de vista de suas vastas riquezas, quanto de sua desejada autonomia política-administrativa. As campanhas desenroladas nas revoltas do fim do Século XVIII e começo do XIX e a inspiração nos fundamentos da Independência dos Estados Unidos da América e da Revolução Francesa, eram vivo sinal do repúdio à dominação da Metrópole portuguesa.

A Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolta Pernambucana de 1817, ainda que violentamente sufocadas e produzindo grandes mártires, foram passos indeléveis dados por brasileiros ao encontro da inevitável separação entre o Brasil e Portugal.

Os próprios dominadores, com o passar do tempo e enfrentando forte oposição e resistência dos brasileiros, reconheciam a não legitimidade de seu domínio, pois, em várias e episódicas ocasiões, viram-se obrigados a ameaçar, pela imposição da força, a concreta persistência do ideal libertário em nossa Pátria.

Nesse sentido, foi decisiva a postura de D. João VI, que retirou o Brasil da condição de Colônia para declará-lo integrante do Reino Unido de Portugal e Algarves, apesar da contrariedade da Metrópole, e a conseqüente indignação do Príncipe Regente D. Pedro, francamente opositor às exigências portuguesas.

Contudo, a consolidação desse ideal jamais se tornaria possível, não fosse a formulação dos movimentos emancipadores por homens de elevadíssima têmpera, reunidos nos recônditos da Sublime Ordem. À frente, estava presente a Maçonaria e os Maçons.

Entre seus principais Obreiros, Pedreiros Livres de primeira hora, merecerão permanente destaque: JOAQUIM GONÇALVES LEDO, JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA, JOSÉ CLEMENTE PEREIRA, CÔNEGO JANUÁRIO DA SILVA BARBOSA, JOSÉ JOAQUIM DA ROCHA, PADRE BELCHIOR PINHEIRO DE OLIVEIRA, FELISBERTO CALDEIRA BRANT, o BISPO SILVA COUTINHO, JACINTO FURTADO DE MENDONÇA, MARTIM FRANCISCO, MONSENHOR MUNIZ TAVARES, EVARISTO DA VEIGA e muitos outros.

A 17 de junho de 1822, três Lojas, resultantes da divisão da Loja Comércio e Artes --- a própria Comércio e Artes, a União e Tranqüilidade e a Esperança de Niterói --- fundavam o Grande Oriente Brasiliano (depois, Grande Oriente do Brasil), com a finalidade de "sustentar a causa do Brasil". E essa causa, na época, era a independência política do país.

A luta pela independência, nos meios maçônicos, todavia, começara bem antes, chegando a um ponto praticamente decisivo, quando se conseguiu, a 9 de janeiro de 1822, no célebre episódio do "Fico", que o príncipe-regente D. Pedro permanecesse no país, ignorando os decretos 124 e 125, das Cortes Gerais portuguesas, e a lei de 24 de abril de 1821, instrumentos, que, praticamente, revertiam o Brasil à sua condição colonial e que exigiam a imediata volta do príncipe a Portugal.

Feito sob a liderança dos maçons José Joaquim da Rocha e José Clemente Pereira, o movimento do "Fico" foi alimentado por representações ao príncipe, emanadas de diversas províncias brasileiras : a representação dos paulistas, redigida por José Bonifácio de Andrada e Silva, que viria a ser o primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente ; a representação dos fluminenses, redigida pelo frei Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio, orador da Loja Comércio e Artes ; e a representação dos mineiros, de Pedro Dias Paes Leme.

A figura do Príncipe Regente também se deve realçar como personagem que se destacou durante todo o movimento articulado e trabalhado pela Maçonaria. Iniciado Maçom na forma regular prescrita na liturgia e nos Rituais Maçônicos por proposta de José Bonifácio, a 2 de agosto de 1822 integrava o quadro da Loja "Comércio e Arte na Idade do Ouro". Esta Loja dera origem às Lojas "União e Tranqüilidade" e "Esperança de Niterói" e a posterior constituição do Grande Oriente do Brasil, que, como já citado, teve o Patriarca da Independência como o primeiro Grão-Mestre.

D. Pedro, prestigiado desde o "FICO", de 9 de janeiro, é exaltado a Mestre Maçom já no dia 5 de agosto. E tendo proclamado a Independência do Brasil a 7 de setembro, por iniciativa de Gonçalves Ledo é eleito Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, em 4 de outubro.

A respeitabilidade alcançada por D. Pedro, dentre adversidades políticas da época e daquele momento, há que ser ressaltada. A propósito, o jornalista, orador, político e maçom Evaristo Ferreira da Veiga, um dos mais encarniçados adversários políticos de D. Pedro, assim se referiu a ele, com sinceridade e reconhecimento:

"O ex-imperador do Brasil não foi um príncipe de ordinária medida (...). Se existimos como corpo de nação livre, se nossa terra não foi retalhada em pequenas repúblicas inimigas, onde só dominassem a anarquia e o espírito militar, devemo-lo muito à resolução que tomou de ficar entre nós".

A Maçonaria teve grande parte nas responsabilidades dos acontecimentos libertários. Não há como negar o papel preponderante desta Sublime Ordem na emancipação política do Brasil, como o registram, de fato, as primeiras Atas dos trabalhos nas Lojas iniciais e no Grande Oriente. Como se verificou nos episódios marcantes da permanência do Príncipe Regente, da posterior Aclamação de D. Pedro I como "Defensor Perpétuo" e Imperador do Brasil, e da instalação da Assembléia Constituinte, que levaria à Constituição outorgada de 1824.

A Independência do Brasil foi realizada à Sombra da Acácia, cujas raízes arejaram o terreno para o grandioso acontecimento. A nova Nação e o novo Estado foram reconhecidos no concerto mundial, de forma inconteste, política e administrativamente livres e soberanos!

Assim, se fez nestas laudas sintética apreciação da História que dá significado e elevada responsabilidade à Ordem Maçônica e aos Maçons de todas as Potências do País. Deve ser entendido, amados Irmãos, que o trabalho pela consolidação da Independência e Soberania de nossa Pátria não está terminado. Pois como afirmado no início, esses são objetivos nacionais aos quais, permanentemente, cada brasileiro tem o dever de emprestar o melhor de sua capacidade para a preservação e defesa do contido nesses primados, essenciais ao futuro das gerações.

Vale recordar que a 4 de outubro de 1822, D. Pedro comparecia ao Grande Oriente do Brasil e tomava posse no cargo de Grão-Mestre, oportunidade em que era aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.

Naquele mesmo dia, o Irmão Joaquim Gonçalves Ledo, 1º Vigilante, redigiu uma nota patriótica ao povo brasileiro, a primeira divulgação depois da Independência, que dizia: "Cidadãos! A Liberdade identifica-se com o terreno; a Natureza nos grita Independência; a Razão nos insinua; a Justiça o determina; a Glória o pede; resistir-lhe é crime, hesitar é dos covardes, somos homens, somos Brasileiros. Independência ou Morte! Eis o grito de honra, eis o brado nacional..."

Também afirma o irmão Castellani:

"O trabalho social e político deve continuar, incessante, porque o mundo evolui, as fronteiras nacionais vão ficando esmaecidas, os conflitos religiosos alastram-se, as refregas atávicas entre povos em perene litígio continuam, os laços familiares tornam-se mais tênues, os valores morais e éticos são postergados, a consciência dos povos embota-se e o sentimento de amor ao chão natal vai sendo substituído pelo cosmopolitismo global.

Por isso, luta-se pela independência até hoje! Não para que ela seja feita, mas para que seja mantida, para que perdure e para que esteja sempre na mente do povo. Porque, parafraseando Colbert, a grandeza de um país não se mede pela extensão de seu território, mas pelo caráter de seu povo".

Tomemos por base o cívico espírito maçônico e continuemos, pois, Irmãos desta Sublime Ordem, a fazer ecoar o brado libertário sob o império da Justiça, onde sejam erigidos Templos à Virtude e cavadas masmorras ao vício, por um Brasil forte e Pujante!


BIBLIOGRAFIA:

1. CASTELLANI,José. História do grande Oriente do Brasil.

2. INDEPENDÊNCIA DO BRASIL-PARTICIPAÇÃO DA MAÇONARIA. Artigo do Irm:. Mario Guilherme Da Silveira Carvalho, da ARLS "Rangel Pestana", in Revista Voz do Dia – Assuntos Maçônicos, nº 46, 1998, pág 22.

3. Texto: A MAÇONARIA E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, do Irm:. Fuad Hadad, Oriente de Alfenas – MG, pesquisado na Internet.



Contribuição do Irm. Amarildo André de Araújo, Venerável Mestre da A.R.L.S. "DUQUE DE CAXIAS IX" Nº 2198 -G.O.B/G.O.E.PA., Or. de Belém/PA.

Nenhum comentário: